Quando meu pai decidiu por vir à Grã-Bretanha, resisti. Acreditava, desde muito novo, que o lugar dos Wasser era na Alemanha. Lá, éramos - e acredito ainda ser - a família mais poderosa e mais influente que se tinha conhecimento. Já faziam muitos séculos que os Wasser lá estavam instalados, desde época imemorável, e tamanha antiguidade resultou numa política plenamente dominada por nós.

Meu pai, então Ministro da Magia, optou por migrar à Inglaterra, novo epicentro da Magia após a descentralização da França, e acreditou ser uma oportunidade para os Wasser ganharem notoriedade não apenas em terras germânicas, mas também em terras inglesas. A decisão foi acertada, mas por mim rejeitada.

Os Wasser, atualmente sobre meu controle de ferro, são a família mais poderosa da Europa, sem dúvidas. Minha neta, atual Ministra da Magia Britânica e Gregorius, meu neto e herdeiro, atual Chefe do Departamento de Execuções das Leis da Magia Britânico e... Bom, não é necessário dizer. Vocês sabem, sei que sabem... Enfim. O governo alemão ainda está sob forte dominância de minha família, onde o Ministro atual é nada mais que um vassalo de mim mesmo.

O que acontece em terras germânicas, entretanto, nada é importante. Muitas posses, imóveis, casas, mansões, palácios, investimentos, etc, ainda persistem por lá. O responsável por comandar todo aquele vasto domínio é Gustaffe vön Wasser, meu outro neto.

Naquele dia, estava tranquilo em meu gabinete, aguardando a presença de meu sucessor, que chamou-me para uma reunião junto de Franziska. Alguns assuntos delicados ao grande público deveriam ser ali tratados. Após a chegada dele, caminhamos lado a lado até o Primeiro Nível, conversando pormenoridades.

Enquanto conversávamos, cumprimentávamos àqueles que cruzavam conosco. Gregorius, ao meu lado, era alguém de imenso carisma. As pessoas paravam, conversavam, e o sorriso daquele moleque não fugia de seu rosto. Ele possuía uma aura convidativa, algo que nunca possuí. Ele me lembrava muito Ricardus, meu filho e pai dele. Sem sombra de dúvidas ele sentiria orgulho do que o filho se tornou - em ambos os sentidos.

Gregorius não possuía um cargo político, mas técnico, operacional e estratégico. Todavia, era inegável a influência que tinha por entre todos os Níveis e Câmaras daquele ambiente. Se tinha inimigos, não os conhecia - ou eles não ousavam externar.

Ele e Franziska eram semelhantes nisso. Franziska era uma mulher incrível. Seu sorriso convencia até seus inimigos a mudarem de ideia, sua voz era tão gentil que mesmo dizendo "Avada Kedavra" seus alvos sorriam ao ouvir. Parecia com uma veela, se não fosse o sangue bruxo puríssimo que percorria cada veia e cada artéria daquela menina que vi nascer, crescer e se tornar a mulher poderosa que se tornou.

Ninguém ousaria contrariar a Ministra da Magia, ela era poderosa não apenas pelo cargo ou pelo literal poder. Ela era poderosa porque as pessoas a respeitavam.

Todos meus descendentes eram incríveis. E eu os amava profundamente.